PERÍODO de 08 a 16 de JULHO de 1965
Este foi o período do trânsito entre o Recife e S. Vicente de Cabo Verde. A ginástica, também entretanto reaparecida, ajudou ao desmame, acompanhada nesse desígnio pelas baldeações, aulas e respectivos testes (cujas algumas notas contribuíram para umas “noitadas” extra aos mastros, à máquina, etc).
Também durante o período jogámos andebol, tendo alguns, como eu, visto encerrada a conta da cantina (nessa altura, tivemos o pioneirismo de dar o mote para o que a nossa actual – de há muito a esta parte, claro – democracia vem alegremente praticando: gastar (muito) mais do que o que produz (ou recebe); só que nessa altura, alguém mandou fechar a torneira a tempo...).
A tirada ficou especialmente marcada por muita prática de Navegação Astronómica – pontos aos crepúsculos, desejavelmente com três rectas de altura simultâneas (com o ten. RP a brilhar, conseguindo, só ele, duas alturas no matutino de 10Jul, num céu quase sem estrelas, o que deu um ponto razoável), antemeridianas, pós-meridianas, passagens meridianas, enfim, uma actividade onde me senti, normalmente, à vontade.
Retive ainda, desse dia 10, 4(quatro) horas de Abastecimentos (aqueles que não são de uma certa classe auxiliar estarão, a esta hora, a arrepiar-se…) que terminaram mui penosamente, mau grado o ten. CJ ter levado as aulas para o lado porreiro. Mas para esse dia não terminar incompleto (para alguns) eis o inenarrável ct MP a “atirar-se” mais uma vez, ao meu grupo, o 5º, do SJ, premiando-nos com um quarto extra aos mastros; ainda assim, não me faleceu vontade para, com o SC, meu compadre e grande referência, praticarmos com o sextante até quase à meia noite.
Chegou a bordo, também nesse sábado, pelo “Press”(lembram-se?) a notícia de que o Garcia Pereira tinha sido condenado a prisão, pena suspensa.
Igualmente esta navegação, de um modo geral calma, permitiu frequentes deslocações à Castelo Beach, algumas (maldosamente) interrompidas por faina geral de mastros (e outras sevícias).
Pessoalmente, fui também muito ajudado pela música do lado do Atlântico recentemente deixado, com natural destaque para o Roberto Carlos (Bebé Cali para os amigos), cujo nome de uma das canções (não quero ver você triste…) foi sendo, ao longo dos anos seguintes, sistematicamente afirmado por alguns CR´s na sua missão de voluntariado em apoio social específico.
Tempo ainda, durante esta fase, para o nosso penico, o CR CR, apanhar um pifo, participando (e muito bem) que havia alguns que se baldavam, em prejuízo dos outros, aos mastros (deixo à argúcia de quem ler isto o palpite sobre os “artistas”…).
No dia 14, o da tomada da Bastilha, o nosso ten. RP apareceu meio adoentado, mas recuperou até S. Vicente. Ao longo dos dias, avistámos muito poucos navios (menos de um por dia), algumas baleias e cachalotes.
Na antevéspera da chegada, combinámos, os da minha mesa, tratar de quatro garrafas de verde; até me esqueci das chaves dentro do armário…
Mesmo na véspera e porque estava de quarto das 00h00m às 04h00m, tive que acompanhar o Imediato, BA, que estava mal disposto, numa ronda ao navio; só me safei quase à uma hora, depois de bruta ensaboadela sobre bordos livres e linhas de água.
Colaboração do FSLourenço
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